terça-feira, 29 de outubro de 2013

Relações estabelecidas aos Referênciais de Educação e suas Áreas de Conhecimento:

ÁREAS DE CONHECIMENTO DIRETAMENTE RELACIONADAS: 
                                 História;
                                 Geografia;
                                 Ensino Religioso;
                                 Língua Portuguesa.

ÁREAS DE CONHECIMENTO RELACIONADAS DE FORMA MAIS INDIRETA:
                                       Ciências;
                                       Matemática;
                                       Arte;
                                       Educação Física.

OBJETIVO GERAL: Disponibilizar ao aluno situações de aprendizagem que envolvam a compreensão do sistema capitalista e sua evolução até o contexto atual, bem como proporcionar contextos situacionais de reflexões do individual e do coletivo.


HABILIDADES DESENVOLVIDAS: - observar; identificar; reconhecer; descrever; caracterizar; analisar e avaliar.  

Conteúdos Relacionados:
  • Evolução do Capitalismo;
  • Características do Sistema Capitalista;
  • Globalização;
  • Organização Financeira;
  • Ética.

Parecer:

Tais abordagens são totalmente viáveis e possibilitam ao aluno uma forma criativa e crítica de desenvolver os conhecimentos relacionados às Áreas de Conhecimento citadas                                                 

apresentação sistema capitalista

apresentação sistema capitalista
apresentação prezi

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capitalismo sem capitalistas


Capitalismo
26/3/2012 - 06h00

por Roberto Amaral*

 



Não sei se o mais adequado é falar de “desindustrialização” ou em “retorno ao primarismo”. O fato é que somos cada vez mais produtores de matérias-primas e de suas exportações dependentes para salvar a balança comercial. Dependência perigosa do ponto de vista estratégico, se pensarmos no futuro do país. E ainda mais perigosa se pensarmos no curto prazo, pois a tendência mundial, alimentada pela crise global do capitalismo, é, com a queda geral da demanda, a inevitável queda dos preços das commodities (consultores de mercado internacional estimam em 10% a queda dos preços da soja, da carne, do açúcar e do café nas bolsas de mercadorias). Quando um país reconhece que está em recessão (Itália e Espanha), ou, como a China de nossos dias, anuncia que vai controlar (leia-se reduzir) seu nível de crescimento (que dos fogosos 10% de tantos anos agora é projetado em 7,5%), ele está dizendo que vai comprar menos insumos. O outro lado da moeda é o que nos diz respeito, pois sua tradução é que venderemos menos, e se venderemos menos, teremos menos receita.

Tudo isso ocorre quando as chamadas grandes economias (Estados Unidos, China e Alemanha à frente) aumentam o cardápio de suas medidas protecionistas, adotam políticas comerciais agressivas (de que são alvo os “emergentes”, isto é, nós) e o grande irmão do Norte inunda o mercado com dólares impressos sem lastro que deságuam nos países emergentes (de novo eles), agravando a crise cambial, caso específico brasileiro. Aqui, um real artificialmente sobrevalorizado estreita as margens de nossas exportações (de manufaturados, principalmente, mas também de commodities) e arromba as portas de nosso mercado interno para as importações de produtos industrializados, numa concorrência desleal com a produção nacional. Esta sofre com os juros altos, altíssimos (os maiores do mundo) ainda que em queda, e com problemas estruturais que deitam raiz na origem no ciclo de desenvolvimento dos anos 1950, e o modelo de industrialização tardia adotado, apoiado na importação de fábricas de baixo emprego de tecnologia ou de tecnologia ultrapassada (o bom exemplo são sempre as montadoras e suas “carroças”). Em outras palavras: o futuro imediato aponta para a associação dos preços mais baixos das commodities com as importações em patamar elevado, donde um saldo comercial crescentemente estreito.

E não poderia ser diferente, pois nossas exportações de produtos primários superam as de manufaturados. No ano passado, informa Luiz Guilherme Gerbelli (OESP, 11/3/2012), “apenas seis grupos de produtos – minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja e carne, açúcar e café – representaram 47,1% do valor exportado. Em 2006, esta participação era de 28,4%”.

Mas, infelizmente, esta ainda não é a verdade toda. O Brasil é o maior exportador mundial de café em grão, e a Alemanha, que não produz um só grama, é o maior exportador mundial de café solúvel; a Itália, o maior exportador de máquinas de fabricação da bebida e criador de variadas formas de seu preparo. O Brasil exporta pedras preciosas para importá-las lapidadas. Paro nesses dois exemplos escolhidos ao acaso, pois a listagem seria interminável.

Na listagem de Gerbelli está o petróleo, mas o petróleo bruto! Este despautério é uma das heranças do neoliberalismo e do fim de investimentos pela Petrobras no refino, política de lesa-pátria dos Fernandos só corrigida no governo Lula, com o atual programa de ampliação e construção de novas refinarias. Mas, qual a política para a era do pré-sal? Ao contrário do que mais preocupa a imprensa ligeira e alguns governadores, a questão menos relevante é a distribuição dos royalties, em torno da qual tanto brigam. O essencial é saber se nos conformaremos em ser grandes exportadores de óleo bruto, como um Iraque, um Irã, uma Arábia Saudita, uns Emirados Árabes. Qual será nossa política? Eis o que precisamos discutir já e com atraso.

A questão que aflige a produção brasileira de manufaturados, especialmente de bens de consumo, é menos de sobrecarga fiscal e mais de política industrial, que precisa ser concebida dentro de um projeto de retomada do planejamento público. Mais Ministério do Planejamento e menos Tesouro Nacional. Não conheceremos o crescimento (com bem-estar social) de que carecemos, nem ele será sustentável se, puxada a economia pelo Estado, não investirmos pelo menos 25% do PIB.

Queiram ou não os oráculos do neoliberalismo.

O industrial brasileiro, que jamais conheceu o pioneirismo (Mauá, o grande símbolo de empreendedorismo, era um dependente de concessões de serviços públicos e por isso mesmo atrelado à banca do Império), ora é um associado de multinacionais, ora um rentista do BNDES, o sócio capitalista de nossos capitalistas. A regra é esta, quando se trata de empreendimento que exijam alto emprego de capital, algum nível de risco ou lenta maturação, o erário entra com o capital e o empresário privado – isto é, o grande empresário –, com o lucro. O orgulhoso agronegócio deve ao Banco nada menos de R$ 13 bilhões e muito mais de R$ 100 bilhões à carteira agrícola do Banco do Brasil. Mantém uma custosa bancada de “deputados ruralistas” para, além do lobby legítimo, impor à União, periodicamente, a anistia de suas dívidas. Como sempre: prejuízo socializado, lucro privatizado.

O grande problema do capitalismo brasileiro é exatamente este, a ausência de capitalistas, e o que nos salva é exatamente a existência de um Estado ainda indutor do desenvolvimento (em que pese a insistente cantilena das grandes empresas de comunicação de massa). No plano industrial, o pouco ou muito que temos inexistiria se não houvesse o BNDES; no plano agrícola, nossos empresários dependem da Embrapa (investimento do Estado em pesquisa) e da carteira agrícola do BB, que vive levando beiço de seus rentistas. No plano da tecnologia e da inovação, nada teríamos logrado sem o MCT, o CNPq, a Finep e as agências estaduais de fomento, como a Fapesp.

Enquanto a necessidade não cria nossos capitalistas, cabe ao Estado retomar com força seu papel desenvolvimentista, controlar o câmbio, aumentar os mecanismos de proteção de nosso mercado, cujo bom sinal é a renegociação com o México do acordo de importação de veículos, aumentar os custos das importações (e para elas adotar critérios seletivos) e conservar a atual política de queda de juros. E, para maior irritação da direita impressa, acelerar o processo de distribuição de renda, que compreende o contínuo aumento dos salários em geral e do salário mínimo de forma especial. País rico é aquele que exporta os excedentes não absorvidos pelo consumo interno, que é tanto maior quanto mais justa seja a sociedade.

* Roberto Amaral é secretário-geral do PSB.

** Publicado originalmente no site Carta Capital e retirado da Adital.

sábado, 5 de outubro de 2013

http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/10/especialista-aponta-sustentabilidade-como-solucao-para-capitalismo.html

Para o agricultor Lucivaldo Piedade da Conceição, da comunidade de Camtauá,  a 15 quilômetros de Santo Antônio do Tauá, nordeste do Pará, a árvore do muru muru era um incômodo: o vegetal disputava a terra com os açaizeiros, e por isso era cortado para liberar espaço. Tudo mudou há 3 anos, quando ele e outros pequenos produtores firmaram uma cooperativa com uma indústria de cosméticos, que compra as amêndoas do muru muru para usar como matéria-prima.

“A renda de cada um melhorou muito. Antes era só mandioca, hoje a produção tá bem ampliada”, comemora Conceição. Só em 2012, a cooperativa conseguiu entregar 30 toneladas de amêndoas para o cliente, que forneceu treinamento para a mão de obra local. “Nós temos programas de boas práticas de cultivo. Há esta preocupação para termos volume, qualidade e respeito da biodiversidade e capacidade da floresta”, revela  Mauro Costa, diretor de ecorrelações da multinacional.
Ricardo Voltolini diz que sustentabilidade ajuda a
consertar os erros do capitaismo

Segundo o consultor Ricardo Voltolini, que participa de um evento de sustentabilidade em Belém nesta sexta-feira (4), o interesse das empresas brasileiras pela economia verde aumenta desde 1998, quando foi criado o Instituto Ethos, uma organização social que incentiva as práticas sustentáveis para a preservação dos seus negócios. “As empresas compreendem que precisam aprender a lidar com um quadro de escassez e mudanças climáticas”, disse o consultor.

Além disso, Voltolini ressalta que os consumidores preferem escolher produtos que não agridam a natureza. “Cada vez mais os consumidores estão atentos e críticos aos impactos que a empresa produz, seja social ou ambientalmente. Empresas que geram impacto são questionadas pelos consumidores”, avalia.

Para Ricardo, o governo deveria viabilizar benefícios para empresas ambientalmente responsáveis, como uma forma de incentivar a economia verde. “Deveríamos pensar no conceito de impostos verdes, pensando em uma tributação diferente para empresas que usem matrizes energéticas, diminuindo a tributação para aumentar a competitividade”, pondera.

“A sustentabilidade é uma forma de rever os defeitos do capitalismo. Quando eu vejo o que se faz no Brasil, percebo que estamos muito atrasados”, conclui Voltolini.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sustentabilidade e capitalismo

Hoje a humanidade enfrenta alguns dilemas, sendo que o principal deles é: como continuar melhorando a qualidade de vida das pessoas sem extrapolar os limites do meio-ambiente? A resposta poderia ser simples, não fossem os interesses difusos e as múltiplas ideologias existentes em todas as sociedades. 
É indiscutível que houve um enorme avanço no nível de bem-estar médio dos habitantes do planeta, principalmente à partir da Revolução Industrial, no entanto, muito disso foi conquistado às custas de um uso desordenado dos recursos naturais, principalmente para gerar a energia necessária para sustentar o crescimento econômico, sendo que hoje, a natureza já está cobrando o seu preço, basta observar os impactos resultantes das mudanças climáticas. Já que citei o crescimento econômico, será que ele continua sendo extremamente essencial para promover melhorias na qualidade de vida? Será que é possível manter o mesmo ritmo de criação de riqueza alcançado até aqui? 
Na minha opinião o modelo que aparentava sucesso no passado não é mais compatível com os desafios que temos pela frente. Teremos que encontrar uma nova forma de compatibilizar o capitalismo com a sustentabilidade do planeta, sem deixarmos de ser progressistas. Não tenho uma resposta definitiva e completa para o problema, mas, com certeza, a solução passa pelo aumento da produtividade agrícola e industrial, pela redução do desperdício, pela reciclagem e, principalmente pela substituição da matriz energética global, sendo que todos estes itens dependem fortemente do aumento de investimentos em educação e incentivos à geração de inovações tecnológicas em todas as partes do globo, ou seja, investimentos supra-nacionais. 
Como já deixei claro acima que acredito no capitalismo como o sistema econômico viável, não posso deixar de abordar outra questão essencial para se obter resultados satisfatórios em relação ao meio-ambiente: Se uma das leis do capitalismo relaciona a oferta com a procura, se queremos equilibrar a oferta para garantir a sustentabilidade, temos que trabalhar para nos acostumarmos com uma queda da demanda, ou seja, precisamos nos tornar e criar nossos filhos para que sejam menos consumistas!
Hoje já está comprovado empiricamente que à partir de um certo nível de renda, a redução das desigualdades contribui mais para o bem-estar de uma sociedade do que o crescimento econômico. Será que o caminho não é por aí?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mapa conceitual - questões iniciais - Capitalismo

Questões iniciais:
1- Como ganhar dinheiro? - Dilma
2- Qual o salário real do presidente dos Estados Unidos? - Maria Cecília

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


Como guardar dinheiro mesmo ganhando pouco - Dinheiro

vilamulher.terra.com.br/como-guardar-dinheiro-mesm...

Com tantos gastos básicos no orçamento e um salário mínimo no valor de R$ 545, fica a pergunta: Será que é possível fazer economia mesmo quando a renda familiar já é apertada? Para a educadora financeira Silvia Alambert, é possível planejar, sim, independente da renda. O mais importante é guardar um pouco de dinheiro por mês, nem que seja só um pouquinho mesmo.


Mas nem sempre é fácil. O que geralmente acontece, diz a educadora, é a busca por um padrão de vida superior à realidade financeira e aí, não importa se for um salário mínimo ou 10 salários, a família que não tiver um planejamento para viver dentro de sua realidade acabará uma hora tendo que "apertar o cinto".
Ela ainda ressalta que "quem sabe administrar bem R$ 1,00 saberá administrar bem R$ 1.000.000,00, já quem não sabe, vai sempre se sentir injustiçado, independentemente do valor recebido. Falta educação financeira adequada aos que recebem R$ 545,00 e aos que recebem R$ 26.000,00".
A solução é pesquisar e economizar nas pequenas coisas. Além disso, buscar fontes de renda alternativas pode ser bem melhor do que entrar em parcelas infinitas a prazo que podem comprometer todo o orçamento. "Se uma pessoa já está endividada é porque gastou mais do que podia e, portanto, deve assumir que foi além de suas possibilidades", explica.
vilamulher.terra.com.br/como-guardar-dinheiro-mesmo ganhando pouco
dia 23.09.2013

14 dicas simples para administrar melhor seus dinheiro e economizar

Escrito por: Odete Reis  |  julho 17th .
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Karina Morrone, Assistente Administrativo Financeiro, é uma jovem que está constantemente em busca de maior aprendizado e aperfeiçoamento de suas habilidades. Adora compartilhar com seus amigos, colegas e pares tudo de novo que encontra neste mundo mágico do conhecimento; sendo sempre uma boa surpresa receber seus e-mails com novidades de mercado, vídeos, livros, artigos e boas notícias. Karina também foi ganhadora do trabalho sobre Inteligência Financeira  realizada no curso de Gestão Financeira da UNISUZ; onde mostra preciosas dicas de comportamento financeiro para aumentar seu orçamento doméstico.
Educação Financeira é tão importante que deveria ser um assunto discutido em família, orientando as crianças desde cedo quanto à importância de saber o valor das coisas e como administrar o que temos.
A maioria das famílias não sabe administrar sua renda e acabam gastando boa parte dela para pagamento de juros em empréstimos e crediários, quando na verdade esse dinheiro poderia ser aplicado para melhorar a qualidade de vida de sua família e realizar sonhos.
Para ter uma vida financeira equilibrada precisamos traçar objetivos bem claros e concretos dentro da nossa realidade. Temos a tendência de sempre achar que o que ganhamos é pouco, quando na verdade o problema não é quanto ganhamos e sim como gastamos.
Não adianta ter uma renda maior se não sabermos lidar emocionalmente com essa situação. Temos que aprender a organizar nossa vida financeira, para isso é necessário que tenhamos um plano de contas com todos os nossos gastos e com toda a nossa renda para que possa ficar claro, para onde tem ido o nosso dinheiro; se está sendo bem gasto ou se gastamos em excesso. Geralmente pecamos nos pequenos detalhes.
Karina dá 14 dicas fáceis para você economizar em seu dia a dia, confira:
  1. Observe se tudo o que você compra é realmente necessário.
  2. Registre todas as despesas durante o mês. Você vai se surpreender com os gastos extras.
  3. Ressuscite a lista de compras para ir ao supermercado. Não confie na sua memória, assim você terá certeza que está comprando o que realmente precisa.
  4. Fuja das armadilhas do marketing, evite tomar decisões após ver um anuncio.
  5. Tenha sempre metas a alcançar e se esforce para realizá-las.
  6. Seja menos preguiçoso, pesquise antes de comprar.
  7. Se possível espere um pouco para juntar o dinheiro e compre à vista, você terá desconto e não ficará com mais uma divida.
  8. Tome cuidado com cartões de crédito, temos a tendência de gastar mais quando utilizamos essa forma de pagamento.
  9. Ensine seus filhos a também economizar.
  10. Na farmácia, sempre que possível escolha medicamentos genéricos, a diferença de preços entre estes e os medicamentos tradicionais podem atingir valores astronômicos e os produtos são idênticos.
  11. Resista à tentação de comer constantemente fora de casa.
  12. Deixe o carro em casa, às vezes sai mais barato utilizar o transporte coletivo, sem falar que o meio ambiente agradece.
  13. Separe todos os meses um valor para investir em uma poupança ou outros meios de investimentos.
  14. Lembrem-se imprevistos acontecem, mantenha sempre uma reserva para esses momentos.
Acima de tudo lembre-se sempre de todos os seus sonhos e objetivos e o quanto você se empenha para realizá-los e como será bom quanto isso acontecer. Contemple a vitória enquanto espera!
www.odetereis.com.br






O capitalismo neoliberal e seu sujeito

The neoliberal capitalism and its subject


Raul Albino Pacheco Filho*
Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP

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Na Ciência e na organização capitalista da sociedade depositam-se as esperanças de superação completa de todos os males e acontecimentos que sempre angustiaram o ser humano. E isso nos afasta da necessidade imperativa de nos confrontarmos com as realidades inescapáveis das limitações da nossa existência, da mortalidade e das imperfeições e contradições de nossa sociedade.
As palavras que definem a ética vigente são hedonismo e império do consumo, com tudo que apresentam de libertadores, de um lado, ao resgatarem para o ser humano o direito ao prazer e à legitimidade do seu desejo, mas, também, por outro lado, com uma lógica simplificadora e empobrecedora, que restringe a uma única dimensão (exatamente a mais óbvia, imediata e vulgar) o significado de satisfação do desejo e do sentido existencial. O ser humano dos séculos passados pretendia ser grave e profundo e queria que seus problemas e questões fossem importantes e significativos. O do século XXI quer ser apenas divertido, leve, superficial e prazeroso. E zomba com ar blasé de toda pretensão de se conferir seriedade a qualquer tema ou questão.
Com o capitalismo e a modernidade, desenvolveu-se ao máximo a idéia do indivíduo como centro das propostas de sentido para a existência humana, porém, na versão particular limitante do indivíduo em busca do exclusivo sucesso pessoal e do gozo pelo consumo. E, além do mais, sem a esperança de novas transformações históricas. A alienação e a ideologia não mais se derivam da falta de consciência da realidade, por trás de tapeações e simulacros. Fundamentam-se na convicção de que a imagem aparente e o simulacro constituem a única realidade social.
Neste contexto, mesmo a busca de uma suposta imortalidade da alma, como bálsamo suavizador para a realidade da mortalidade corpórea e como tentativa de solução do enigma da existência, assume características particulares. De um lado, as religiões continuam derivando-se, como sempre ocorreu ao longo dos tempos, da procura de respostas totalizantes, absolutas e definitivas para as inquietações existenciais e também de completamento de todas as lacunas e mazelas originadas da vida terrena. De outro lado, porém, as religiões atuais não têm como furtar-se às mais comezinhas reivindicações mundanas e materiais. O homem religioso do capitalismo do século XXI exige um "pacote tranqüilizador" que reúna a salvação da alma e o sucesso nos negócios. E tudo isso, em cultos que combinem a virtude dos sacramentos com os benefícios da ginástica aeróbica.16 E é desta forma, com um "pé na canoa" da imortalidade da alma e o outro no da promessa de suprimento de todos os desejos materiais, que ele busca a sua religação com a totalidade e o Absoluto, sem, no entanto, descuidar-se de suas metas de consumo.”
....................................................................................................................................................http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1679-44272005000100011&script=sci_arttext
em 23.09.2013

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

http://www.wordle.net/delete?index=7081732&d=KMSC

Neuro propaganda

Ao aos 60 anos de idade, você terá visto uma quantidade gigantesca de anúncios. Para ser mais exato, 2 milhões. São 90 propagandas por dia, todos os dias. Uma eternidade, 16 mil horas, vendo mensagens comerciais (tempo suficiente para fazer faculdade de medicina - duas vezes). E isso só contando as propagandas de TV. Some os anúncios que estão em todas as outras mídias, inclusive esta revista, e o número será ainda mais impressionante. O marketing é a trilha sonora da vida. O problema é que, quanto mais as empresas tentam martelar informações na sua cabeça, menos você dá atenção a elas: de cada 100 propagandas, 92 são sumariamente ignoradas ou esquecidas. Estamos esquecendo cada vez mais as coisas, e a neurologia tem uma explicação para isso (que até foi capa da SUPER, lembra?). Mas e se fosse possível usar as últimas descobertas sobre o cérebro para mudar o jeito de fazer publicidade, criando anúncios que sejam irresistíveis para a mente do consumidor? É possível, e já tem gente tentando fazer isso. Diversas multinacionais, da Mercedes-Benz ao McDonald’s, já aderiram a esse novo marketing: o neuromarketing. Ele está cheio de conclusões surpreendentes, que vão mudar a sua maneira de enxergar as marcas e o consumo.

Apple ou Microsoft? Brahma ou Antarctica? Sadia ou Perdigão? Por que escolhemos uma marca e não outra? Em 2003, numa experiência que lançou as bases do neuromarketing, o neurologista americano Read Montague provou que essa decisão não é racional. Ele serviu Pepsi e Coca-Cola para um grupo de voluntários enquanto monitorava o cérebro deles. Quando a bebida vinha em copinhos brancos, sem identificação, deu empate. Metade das pessoas preferiu a Pepsi, e metade a Coca. E o cérebro de todas se comportou da mesma forma, com a atividade concentrada no putame ventral - área ligada à percepção de sabores gostosos. Já quando os voluntários foram informados de qual marca estavam tomando, tudo mudou. A maioria, 75%, passou a preferir a Coca. Que também teve um efeito diferente sobre o cérebro. A região dominante passou a ser o córtex medial, que está ligado às emoções. Ou seja: os voluntários passaram a ignorar o sabor da bebida, que seria o critério de decisão mais lógico, e escolheram o refrigerante de forma irracional. As marcas realmente afetam o discernimento das pessoas - as fazem tomar decisões que normalmente não tomariam. Mas por quê?

A explicação só viria depois, com uma série de estudos muito mais detalhados - em que vários grupos de cientistas das Universidades de Montreal (Canadá) e Warwick (Inglaterra) testaram 2 mil pessoas. No meio dessa multidão de voluntários, havia um grupo de freiras carmelitas. Pediu-se a elas que se concentrassem, rezassem e pensassem em Deus, e sua atividade cerebral foi gravada. Depois, outro grupo de pessoas foi exposto a imagens comerciais - logomarcas e fotos de produtos muito legais. Adivinhe o que aconteceu: seu cérebro se acendeu exatamente como o das freiras. "A pesquisa provou que, quando somos expostos a marcas como iPod, Ferrari e Guinness, temos as mesmas emoções geradas por símbolos religiosos como cruzes, rosários, a Virgem Maria e a Bíblia", afirma o marqueteiro americano Martin Lindstrom, coordenador do estudo e autor do livro A Lógica do Consumo, que está sendo lançado no Brasil. Biologicamente, pensar numa marca é o mesmo que pensar em Deus. Consumir é o mesmo que rezar. Amém!


Cérebro à venda

Essa ideia ultraconsumista fez surgir dezenas de consultorias especializadas em neuromarketing, que juntam publicitários e cientistas e prestam serviços a grandes empresas - acredita-se que 20% das multinacionais estejam fazendo, ou já tenham feito, algum estudo de neuromarketing. A Mercedes ficou sabendo que as pessoas gostam de carros com cara de gente - pois, quando olhamos para a frente de um automóvel, usamos os mesmos circuitos cerebrais que processam rostos. O YouTube descobriu que, ao contrário do que poderia parecer, os usuários não se irritam com anúncios inseridos sobre os vídeos. E um emissora de TV inglesa constatou que, por algum motivo, as propagandas veiculadas de manhã têm mais impacto sobre o cérebro.

As pesquisas também estão descobrindo que as propagandas podem ter o efeito oposto ao que pretendem. As advertências impressas no verso dos maços de cigarro, por exemplo. Elas realmente evitam que os não fumantes adquiram o vício. Mas, com quem já fuma, têm o efeito contrário: aumentam a vontade de dar umas tragadas. Quando fumantes veem essas mensagens, seu núcleo accumbens dispara - é a mesma região do cérebro responsável pela vontade de fumar. Isso acontece porque os avisos estão associados ao ato de fumar: quando a pessoa se lembra deles, também se lembra da parte prazerosa do fumo.

Por falar em prazer, e o sexo? Por que tantas propagandas têm algum tipo de conteúdo ou insinuação sexual, mesmo quando isso nada tem a ver com o produto? Porque chama a atenção e convence. Você já deve ter ouvido a expressão sexo vende. Ela pode estar errada. Um estudo feito em 2007 pela Universidade de Londres constatou que, na prática, propagandas com mulheres e homens bonitos são menos lembradas pelos consumidores. "O sexo não vende. Na verdade, ele reduz a possibilidade de que os espectadores se lembrem da propaganda", conclui a pesquisa, que também chegou a outras conclusões interessantes. Programas humorísticos ou violentos são ruins para os anunciantes, porque fazem as pessoas esquecer das propagandas, e dá mais resultado colocar anúncios em shows que não sejam relacionados ao que você quer vender (anunciar um carro num programa de culinária, por exemplo).

Nem todas as descobertas são positivas. Uma delas é perturbadora. As propagandas subliminares, que trazem mensagens escondidas (e parecem coisa de conspirador maluco), realmente fazem efeito sobre o cérebro. Sabe aquelas musiquinhas de fundo que tocam nas lojas? Elas podem ter mensagens escondidas. Numa experiência polêmica, 50 lojas de departamentos e supermercados dos EUA começaram a tocar músicas que continham uma mensagem subliminar: "Eu sou honesto, e não vou roubar". Essa frase era repetida muito depressa, 150 vezes por minuto, e num tom extremamente baixo; ou seja, era completamente inaudível. Mas deu resultado: a quantidade de furtos caiu 37%. Um teste similar, só que com mensagens do tipo "comprar é bom", aumentou as vendas em aproximadamente 15%. Não é agradável pensar que a publicidade possa agir no subconsciente e nos obrigar a consumir, sem que nem mesmo percebamos o que está acontecendo. Por isso, o neuromarketing também atraiu opositores. Uma ong americana fez campanha para convencer o Congresso dos EUA a proibir o uso de técnicas neurocientíficas na propaganda.

Não conseguiu. Seja como for, os neuromarqueteiros dizem que não há motivo para preocupação. "Se entendermos melhor o nosso comportamento irracional, nós [os consumidores] vamos ter mais controle, e não menos, sobre as nossas decisões de compra", afirma Lindstrom. É verdade. E pensando assim, dá até vontade de ver uns anúncios, não? É só virar as páginas desta revista, ligar a TV ou entrar na internet. Eles estão em toda parte.


Para saber mais


A Lógica do Consumo
Martin Lindstrom, Editora Nova Fronteira, 2009.

Spent: Sex, Evolution and Consumer Behavior
Geoffrey Miller, Viking Books, 2009.

http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/como-ajudar-o-cerebro-a-tomar-melhores-decisoes/

Marketing da propaganda invisívell

Laguna Beach, no sul da Califórnia, é um balneário de belos casarões com preço médio de US$ 1 milhão. A meio caminho entre San Diego e Los Angeles, atrai gente do ramo da tecnologia, do entretenimento e profissionais liberais bem-sucedidos. Numa noite de junho de 2010, sem alarde, os Morgensons chegaram com dois caminhões de mudança. Bonitos, atléticos e muito simpáticos, o casal e seus três filhos rapidamente se integraram à vizinhança. E ninguém se deu conta da sua missão secreta: persuadir os novos amigos a comprar de desodorante e bijuterias a vodca e pranchas de snowboard.

Eric, Gina e os filhos, Jack, Sam e Max, de 16, 14 e 12 anos, passaram 4 meses ali como o protótipo da família perfeita, com uma BMW, um utilitário e um sedan na garagem. Só que foram contratados como parte de um "experimento social" para testar o poder de influência da progaganda boca a boca. A pegadinha foi obra do marqueteiro Martin Lindstrom. "Só estamos começando a entender o quão vulneráveis somos às recomendações e aos conselhos dos nossos amigos, vizinhos e colegas", diz o autor de Brandwashed - Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy (inédito no Brasil. O título - trocadilho com "lavagem cerebral", brainwash - seria algo como "Lavado em Marcas - Truques que as Empresas Usam para Manipular Nossa Mente e Nos Persuadir a Comprar").

O experimento teve orçamento e infra-estrutura de reality show. A família foi selecionada entre mais de 1,5 mil candidatos por uma diretora de casting renomada. Foram escondidos na casa 35 câmeras e 17 microfones. Uma discreta sala de controle e ilha de edição foi montada no fundo da garagem. O circo saiu caro: US$ 3 milhões. Lindstrom jura que pagou tudo sozinho, sem envolver empresas na experiência - "Precisávamos de autenticidade." Essa "autenticidade" se transformou em muitos churrascos, brunchs e jantares, que os Morgensons promoviam como qualquer novato em busca da aprovação da comunidade. Nem encontros triviais passavam ilesos, sem que algum produto selecionado fosse citado. Numa conversa com duas vizinhas, Gina ostentava um bracelete da marca Pandora, que chamou a atenção das amigas. "Não é espetacular? Adorei a coleção que eles fizeram em homenagem à campanha contra o câncer", disse, empolgada, para depois explicar que era possível customizar as peças pela internet. Duas semanas depois, as câmeras escondidas flagraram as vizinhas usando as tais joias.

"Uma coisa que nos pegou de surpresa é que os homens são muito mais suscetíveis a conselhos dietéticos do que as mulheres", diz Lindstrom. Durante um churrasco, Eric comentou com o vizinho Joshua, programador de software, que um copo de cerveja preta tinha as calorias equivalentes a um sanduíche de presunto. Nas visitas seguintes, Joshua trocou a cervejinha por uma vodca com suco de cranberry. "Assim eu me mantenho em forma." Em tempo: a vodca era a Absolut, promovida pelos Morgensons. No colégio, Jack se encarregou de divulgar um desodorante com cheiro de parafina (usada em pranchas de surfe). As sugestões tiveram efeito viral. Eric, Gina e os meninos tinham feito mais de duas centenas de amigos em Laguna - e um terço desses amigos passou a recomendar as marcas que conheceu. A família conseguiu convencer cada um a comprar, em média, 3 produtos.

"Eu pirei quando me dei conta do poder da coisa", diz Lindstrom. Um exemplo: depois de uma tarde de compras de Gina com algumas amigas na loja de sapatos DSW, a marca começou a aparecer sempre nos chats, tweets e blogs das comadres. O marqueteiro contratou o ChatTreads, instituto de pesquisa de marcas, para monitorar a vida online da vizinhança. O instituto também fez entrevistas dirigidas ao grupo sem revelar seu propósito.

Tendência
Se você está começando a ficar incomodado com tanta intromissão na vida alheia, bem... essa é só uma das facetas do stealth marketing (o marketing disfarçado, furtivo, invisível). É o nome técnico do que fez a família Morgenson, recurso em alta no mundo da propaganda. A publicidade e o marketing tradicionais, segundo gurus da área, como Seth Godin, tendem a desaparecer. Nos últimos anos, tem se falado muito de marketing viral, ou buzz marketing: as pessoas são encorajadas a repassar uma mensagem mercadológica. Recentemente, a fabricante de camisinhas Olla criou perfis falsos no Facebook para divulgar a marca. Selecionou perfis de homens jovens e criou os falsos adicionando "Jr." no nome do alvo. O sujeito recebia uma solicitação de amizade desse "quase homônimo" com a foto de um bebê e a recomendação: "Evite surpresas como essa: use camisinhas Olla". Ao acessar o perfil, o "pai" encontrava um link para o site da marca.

O stealth marketing pode fazer algo parecido, mas o agente de vendas nunca se identifica como tal. E esse é o problema. Não é novidade (leia acima), mas é cada vez mais comum. Em 2002, a Sony-Ericsson contratou falsos casais e os mandou a pontos turísticos estratégicos para promover o celular com câmera T68i. Esse tipo de marketing assopra no ouvido de um público selecionado sem revelar necessariamente que se trata de propaganda. É um conselho gentil (tais como os de Gina e Eric). A mensagem mercadológica já chega, assim, com a chancela da aprovação. "A mensagem tem uma aura, tem um efeito diferente", afirma Lindstrom. "É um negócio enganador. Você acha que está falando com uma pessoa comum, mas na verdade ela é uma agente disfarçada da corporação", diz a ONG Public Citizen¿s Commercial Alert, dedicada a investigar abusos de propaganda e marketing nos EUA.

Uma coisa é certa: funciona. Lindstrom encomendou uma pesquisa com consumidores submetidos à ressonância magnética funcional, que monitora o cérebro enquanto ele é estimulado. Na propaganda tradicional, o córtex insular e a amígdala (que controla o medo) são ativados, o que sugere desconfiança. Quando a divulgação é dissimulada, a mensagem desperta um elevado grau de confiança: ativa o córtex órbito-frontal (onde ocorrem os julgamentos morais). Entre as empresas criticadas pela ONG estão a Tremor e a Bzz Agent. A Tremor emprega mais de meio milhão de mulheres, entre 15 e 65 anos, chamadas de "conectoras". Elas atuam alimentando mensagens virais sobre produtos como os cosméticos Olay. A Bzz Agent já promoveu desde videogames até o último romance de John Grisham. Não há regulamentação para esse tipo de marketing nos EUA. No Brasil, o fenômeno é incipiente e o Código Brasileiro de Autorrelugamentação Publicitária só prevê normas para a propaganda "ostensiva".
Em fevereiro de 2011, a encenação em Laguna foi revelada. Para espanto geral, os amigos ludibriados não se revoltaram. "As pessoas me disseram que era ok, que não se sentiam enganadas", diz o autor de Brandwashed, que provavelmente vai repor (com sobra) o investimento que fez no projeto oferecendo consultoria. Os Morgensons se mudaram, mas o marketing invisível veio para ficar.
Maria-vai-com-as-outras
A propaganda usa a arte da influência desde a Renascença


Made in Veneza
Pintores como Paolo Veronesi recebiam um extra dos comerciantes de Veneza já no século 16 para incluir em seus quadros roupas e outros produtos à venda na cidade. No século 18, caixeiros viajantes ingleses contratavam atores para, da plateia dos teatros, elogiar seus produtos. Eram chamados shills. Para o historiador Norman Bowie, assim nasceu o stealth marketing.

Quero essas luvas!
Em 1890, com o livro As Leis da Imitação, o psicólogo Jean-Gabriel Tarde demonstra que nossas escolhas são feitas mais por mimetismo e contágio do que por decisão soberana, o que influenciaria muito o marketing no século 20. Em 1922, a Macy¿s, de Nova York, contratou e vestiu 25 mulheres que se passavam por usuárias comuns para promover, no metrô, as luvas que a loja vendia.

Usei e gostei
Na década de 20, a agência J. Walter Thompson contratou o psicólogo social John W. Watson, da Universidade de Chicago. Com base em pesquisas da universidade, ele criou, em 1924, o primeiro comercial-testemunho (para a Johnson & Johnson). Nessa modalidade, o anunciante recorre a pessoas "normais" para divulgar seu produto com a chancela de um suposto consumidor real.

Já no útero
Uma pesquisa da Universidade de Helsinque demonstrou nos anos 90 que música e odores são percebidos pelo feto no útero. De olho nas gestantes, um shopping center na Ásia passou a caprichar na trilha sonora e espalhar aroma de cereja e de talco infantil nos corredores. "Ficou comprovado que, depois de nascer, os bebês se acalmavam quando entravam no shopping", diz Martin Lindstrom.


Para saber mais
Brandwashed - Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy
Martin Lindstrom, Three Rivers Press, 2011
Comportamento

Entenda como funciona o marketing de propaganda invisível

Um experimento com pinta de reality show infiltrou a família perfeita numa vizinhança de classe alta na Califórnia para fazer propaganda disfarçada de produtos. Cuidado, pois a próxima vítima pode ser você

por Álvaro Oppermann
Laguna Beach, no sul da Califórnia, é um balneário de belos casarões com preço médio de US$ 1 milhão. A meio caminho entre San Diego e Los Angeles, atrai gente do ramo da tecnologia, do entretenimento e profissionais liberais bem-sucedidos. Numa noite de junho de 2010, sem alarde, os Morgensons chegaram com dois caminhões de mudança. Bonitos, atléticos e muito simpáticos, o casal e seus três filhos rapidamente se integraram à vizinhança. E ninguém se deu conta da sua missão secreta: persuadir os novos amigos a comprar de desodorante e bijuterias a vodca e pranchas de snowboard.

Eric, Gina e os filhos, Jack, Sam e Max, de 16, 14 e 12 anos, passaram 4 meses ali como o protótipo da família perfeita, com uma BMW, um utilitário e um sedan na garagem. Só que foram contratados como parte de um "experimento social" para testar o poder de influência da progaganda boca a boca. A pegadinha foi obra do marqueteiro Martin Lindstrom. "Só estamos começando a entender o quão vulneráveis somos às recomendações e aos conselhos dos nossos amigos, vizinhos e colegas", diz o autor de Brandwashed - Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy (inédito no Brasil. O título - trocadilho com "lavagem cerebral", brainwash - seria algo como "Lavado em Marcas - Truques que as Empresas Usam para Manipular Nossa Mente e Nos Persuadir a Comprar").

O experimento teve orçamento e infra-estrutura de reality show. A família foi selecionada entre mais de 1,5 mil candidatos por uma diretora de casting renomada. Foram escondidos na casa 35 câmeras e 17 microfones. Uma discreta sala de controle e ilha de edição foi montada no fundo da garagem. O circo saiu caro: US$ 3 milhões. Lindstrom jura que pagou tudo sozinho, sem envolver empresas na experiência - "Precisávamos de autenticidade." Essa "autenticidade" se transformou em muitos churrascos, brunchs e jantares, que os Morgensons promoviam como qualquer novato em busca da aprovação da comunidade. Nem encontros triviais passavam ilesos, sem que algum produto selecionado fosse citado. Numa conversa com duas vizinhas, Gina ostentava um bracelete da marca Pandora, que chamou a atenção das amigas. "Não é espetacular? Adorei a coleção que eles fizeram em homenagem à campanha contra o câncer", disse, empolgada, para depois explicar que era possível customizar as peças pela internet. Duas semanas depois, as câmeras escondidas flagraram as vizinhas usando as tais joias.

"Uma coisa que nos pegou de surpresa é que os homens são muito mais suscetíveis a conselhos dietéticos do que as mulheres", diz Lindstrom. Durante um churrasco, Eric comentou com o vizinho Joshua, programador de software, que um copo de cerveja preta tinha as calorias equivalentes a um sanduíche de presunto. Nas visitas seguintes, Joshua trocou a cervejinha por uma vodca com suco de cranberry. "Assim eu me mantenho em forma." Em tempo: a vodca era a Absolut, promovida pelos Morgensons. No colégio, Jack se encarregou de divulgar um desodorante com cheiro de parafina (usada em pranchas de surfe). As sugestões tiveram efeito viral. Eric, Gina e os meninos tinham feito mais de duas centenas de amigos em Laguna - e um terço desses amigos passou a recomendar as marcas que conheceu. A família conseguiu convencer cada um a comprar, em média, 3 produtos.

"Eu pirei quando me dei conta do poder da coisa", diz Lindstrom. Um exemplo: depois de uma tarde de compras de Gina com algumas amigas na loja de sapatos DSW, a marca começou a aparecer sempre nos chats, tweets e blogs das comadres. O marqueteiro contratou o ChatTreads, instituto de pesquisa de marcas, para monitorar a vida online da vizinhança. O instituto também fez entrevistas dirigidas ao grupo sem revelar seu propósito.

Tendência
Se você está começando a ficar incomodado com tanta intromissão na vida alheia, bem... essa é só uma das facetas do stealth marketing (o marketing disfarçado, furtivo, invisível). É o nome técnico do que fez a família Morgenson, recurso em alta no mundo da propaganda. A publicidade e o marketing tradicionais, segundo gurus da área, como Seth Godin, tendem a desaparecer. Nos últimos anos, tem se falado muito de marketing viral, ou buzz marketing: as pessoas são encorajadas a repassar uma mensagem mercadológica. Recentemente, a fabricante de camisinhas Olla criou perfis falsos no Facebook para divulgar a marca. Selecionou perfis de homens jovens e criou os falsos adicionando "Jr." no nome do alvo. O sujeito recebia uma solicitação de amizade desse "quase homônimo" com a foto de um bebê e a recomendação: "Evite surpresas como essa: use camisinhas Olla". Ao acessar o perfil, o "pai" encontrava um link para o site da marca.

O stealth marketing pode fazer algo parecido, mas o agente de vendas nunca se identifica como tal. E esse é o problema. Não é novidade (leia acima), mas é cada vez mais comum. Em 2002, a Sony-Ericsson contratou falsos casais e os mandou a pontos turísticos estratégicos para promover o celular com câmera T68i. Esse tipo de marketing assopra no ouvido de um público selecionado sem revelar necessariamente que se trata de propaganda. É um conselho gentil (tais como os de Gina e Eric). A mensagem mercadológica já chega, assim, com a chancela da aprovação. "A mensagem tem uma aura, tem um efeito diferente", afirma Lindstrom. "É um negócio enganador. Você acha que está falando com uma pessoa comum, mas na verdade ela é uma agente disfarçada da corporação", diz a ONG Public Citizen¿s Commercial Alert, dedicada a investigar abusos de propaganda e marketing nos EUA.

Uma coisa é certa: funciona. Lindstrom encomendou uma pesquisa com consumidores submetidos à ressonância magnética funcional, que monitora o cérebro enquanto ele é estimulado. Na propaganda tradicional, o córtex insular e a amígdala (que controla o medo) são ativados, o que sugere desconfiança. Quando a divulgação é dissimulada, a mensagem desperta um elevado grau de confiança: ativa o córtex órbito-frontal (onde ocorrem os julgamentos morais). Entre as empresas criticadas pela ONG estão a Tremor e a Bzz Agent. A Tremor emprega mais de meio milhão de mulheres, entre 15 e 65 anos, chamadas de "conectoras". Elas atuam alimentando mensagens virais sobre produtos como os cosméticos Olay. A Bzz Agent já promoveu desde videogames até o último romance de John Grisham. Não há regulamentação para esse tipo de marketing nos EUA. No Brasil, o fenômeno é incipiente e o Código Brasileiro de Autorrelugamentação Publicitária só prevê normas para a propaganda "ostensiva".
Em fevereiro de 2011, a encenação em Laguna foi revelada. Para espanto geral, os amigos ludibriados não se revoltaram. "As pessoas me disseram que era ok, que não se sentiam enganadas", diz o autor de Brandwashed, que provavelmente vai repor (com sobra) o investimento que fez no projeto oferecendo consultoria. Os Morgensons se mudaram, mas o marketing invisível veio para ficar.
Maria-vai-com-as-outras
A propaganda usa a arte da influência desde a Renascença


Made in Veneza
Pintores como Paolo Veronesi recebiam um extra dos comerciantes de Veneza já no século 16 para incluir em seus quadros roupas e outros produtos à venda na cidade. No século 18, caixeiros viajantes ingleses contratavam atores para, da plateia dos teatros, elogiar seus produtos. Eram chamados shills. Para o historiador Norman Bowie, assim nasceu o stealth marketing.

Quero essas luvas!
Em 1890, com o livro As Leis da Imitação, o psicólogo Jean-Gabriel Tarde demonstra que nossas escolhas são feitas mais por mimetismo e contágio do que por decisão soberana, o que influenciaria muito o marketing no século 20. Em 1922, a Macy¿s, de Nova York, contratou e vestiu 25 mulheres que se passavam por usuárias comuns para promover, no metrô, as luvas que a loja vendia.

Usei e gostei
Na década de 20, a agência J. Walter Thompson contratou o psicólogo social John W. Watson, da Universidade de Chicago. Com base em pesquisas da universidade, ele criou, em 1924, o primeiro comercial-testemunho (para a Johnson & Johnson). Nessa modalidade, o anunciante recorre a pessoas "normais" para divulgar seu produto com a chancela de um suposto consumidor real.

Já no útero
Uma pesquisa da Universidade de Helsinque demonstrou nos anos 90 que música e odores são percebidos pelo feto no útero. De olho nas gestantes, um shopping center na Ásia passou a caprichar na trilha sonora e espalhar aroma de cereja e de talco infantil nos corredores. "Ficou comprovado que, depois de nascer, os bebês se acalmavam quando entravam no shopping", diz Martin Lindstrom.


Para saber mais
Brandwashed - Tricks Companies Use to Manipulate Our Minds and Persuade Us to Buy
Martin Lindstrom, Three Rivers Press, 2011
 http://super.abril.com.br/cotidiano/entenda-como-funciona-marketing-propaganda-invisivel-677779.shtml
 
Publicidade deve ser proibida para as crianças? Revista Mundoestranho

Pesquisas apontam que, no Brasil, as crianças influenciam em até 80% as decisões de consumo das famílias. E o mercado publicitário faz de tudo para vender toda sorte de produtos aos pequenos. Alegando que essa overdose de publicidade é danosa para as crianças, um projeto em votação na Câmara dos Deputados quer proibir a propaganda voltada para jovens de até 12 anos na TV. Para os contrários à lei, a proibição é uma medida autoritária e inútil. E você, compra qual ideia?
Sim
As crianças não têm maturidade suficiente para se proteger da persuasão exercida pela publicidade, sendo facilmente seduzidas para o consumo. O Estado tem a obrigação de interferir para defender o público infantil dessa lavagem cerebral publicitária. Ainda mais quando esse estímulo é feito por meio de uma concessão pública, que é a televisão
Os abusos da publicidade contribuem para a obesidade infantil. Pesquisas comprovam a relação entre os comerciais de alimentos e o sobrepeso infantil. Um estudo do National Bureau of Economic Research, nos EUA, mostrou que, se os anúncios de redes de fast food fossem eliminados, o número de crianças gordinhas seria quase 20% menor
Com campanhas milionárias, repetidas à exaustão, a publicidade acaba anulando a autoridade dos pais, que ficam reféns das demandas consumistas criadas nos filhos. O resultado são crianças frustradas e em conflito com a figura paterna
A necessidade de regulamentar a publicidade infantil é um consenso mundial. E a maioria dos países desenvolvidos já adotou legislações restritivas. Na Suécia, por exemplo, é vetado qualquer tipo de propaganda para crianças. Inglaterra, Alemanha, Espanha e Canadá também têm leis severas contra o oba-oba publicitário
Não
Não se pode privar um jovem de informação, seja de que tipo for. Ele só terá maturidade se for educado para ter uma visão crítica sobre tudo com o que entra em contato, como uma propaganda. Nesse sentido, a solução para controlar o consumismo infantil é a educação, e não a restrição. Se o mal fosse a exposição de produtos, deveríamos proibir também as vitrines em lojas
A obesidade não é causada pela propaganda, mas, sim, por uma série de fatores, desde socioculturais até genéticos. O que falta é uma boa educação alimentar. Não adianta impedir a publicidade de alimentos gordurosos se, em casa, a galera vê os pais enchendo a pança de frituras
Em um sistema democrático, não pode ser delegado ao Estado o poder de decidir sobre os hábitos de consumo de um indivíduo. A conscientização de uma criança nasce da boa orientação passada pelos pais, e não de uma norma imposta por decreto A obesidade não é causada pela propaganda, mas, sim, por uma série de fatores, desde socioculturais até genéticos. O que falta é uma boa educação alimentar. Não adianta impedir a publicidade de alimentos gordurosos se, em casa, a galera vê os pais enchendo a pança de frituras
Ninguém questiona que as propagandas abusivas devam ser controladas. A questão é que já há mecanismos eficientes para isso no Brasil. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) tem uma resolução que trata do cuidado com público infantil, e nosso Código de Defesa do Consumidor é um dos mais avançados do mundo
Fontes - Stalimir Vieira, especialista em publicidade infantil da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP); Isabella Henriques, advogada e coordenadora do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, em SP; Estudo do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição, da Universidade de Brasília (UnB); assessoria da I Conferência Internacional de Marketing Infantil, em SP;

 http://mundoestranho.abril.com.br/materia/a-publicidade-deve-ser-proibida-para-criancas

Poder da propaganda


Evolução do capitalismo


Reflexão - Mário Cortella


A história das coisas


A servidão moderna



terça-feira, 17 de setembro de 2013

A explicação sobre as origens do capitalismo remonta uma história de longa duração em que nos deparamos com as mais diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Em geral, compreendemos a deflagração desse processo com o renascimento comercial experimentado nos primeiros séculos da Baixa Idade Média. Nesse período, vemos uma transformação no caráter autossuficiente das propriedades feudais na qual as terras começaram a ser arrendadas e a mão de obra começou a ser remunerada com um salário.

Essas primeiras mudanças vieram junto do surgimento de uma classe de comerciantes e artesãos que viviam à margem da unidade feudal habitando uma região externa, chamada de burgo. Foi baseado nesse nome que a classe social anteriormente referida ganhou o nome de burguesia. A burguesia medieval implantou uma nova configuração à economia europeia na qual a busca pelo lucro e a circulação de bens a serem comercializados em diferentes regiões ganharam maior espaço.

A prática comercial experimentada imprimiu uma nova lógica econômica em que o comerciante substituiu o valor de uso das mercadorias pelo seu valor de troca. Isso fez com que a economia começasse a se basear em cima de quantias que determinavam numericamente o valor de cada mercadoria. Dessa maneira, o comerciante deixou de julgar o valor das mercadorias tendo como base sua utilidade e demanda, para calcular custos e lucros a serem convertidos em uma determinada quantia monetária.

Com esse processo de monetarização, o comerciante passou a trabalhar tendo como fim máximo a obtenção de lucros e o acúmulo de capitais. Essa prática exigiu uma constante demanda pela expansão do comércio e, assim, nos fins da Idade Média, incitou a crescente classe comerciante burguesa a apoiar a formação de Estados Nacionais. Aliado ao poderio militar da nobreza, os burgueses passaram a contar com o fomento político para dominar novos mercados, regular impostos e padronizar moedas.

Essas transformações que marcaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna incentivaram o nascimento do chamado capitalismo mercantil e das grandes navegações. Nesse contexto, os Estados Nacionais incentivaram a descoberta e o domínio de novas áreas de exploração econômica por meio do processo de colonização. Foi nessa época que os continentes americano e africano passaram a integrar uma economia mundialmente articulada aos interesses das poderosas nações europeias.

Além de possibilitar uma impressionante acumulação de riquezas, o capitalismo mercantil criou uma economia de aspecto concorrencial na qual as potências econômicas buscavam acordos, implantavam tarifas e promoveram guerras com o objetivo de ampliar suas perspectivas comerciais. No entanto, a relação harmônica entre a burguesia e os monarcas ganhou uma nova feição na medida em que a manutenção dos privilégios da nobreza se transformava em um empecilho ao desenvolvimento burguês.

Foi nesse período que os princípios da filosofia iluminista defenderam uma maior autonomia das instituições políticas e criticaram a ação autoritária da realeza. Foi nesse contexto de valores que as revoluções liberais foram iniciadas pela convulsão sociopolítica que ganhou espaço na Inglaterra do século XVII. Na ilha britânica observamos a primeira experiência de limitação do poder real em favor de uma maior autonomia da economia durante o processo da Revolução Inglesa.

Pela primeira vez, as autoridades monárquicas passaram a estar submetidas ao interesse de outro poder com forte capacidade de intervenção política. Essa mudança na Inglaterra beneficiou diretamente a burguesia nacional ao conceder maiores liberdades para empreender acordos diplomáticos e articular os diversos setores da economia britânica ao interesse das atividades comerciais. Não é por acaso que foi nesse mesmo lugar que o capitalismo passou a ganhar novas forças com a Revolução Industrial.

A experiência da revolução imprimiu um novo ritmo de progresso tecnológico e integração da economia no qual percebemos as feições mais próximas da economia experimentadas no mundo contemporâneo. O desenvolvimento tecnológico, a obtenção de matérias-primas a baixo custo e a expansão dos mercados consumidores fez com que o sistema capitalista conseguisse gerar uma situação de extrema ambiguidade: o ápice do enriquecimento das elites capitalistas e o empobrecimento da classe operária.

Chegando ao século XIX, percebemos que o capitalismo promoveu uma riqueza custeada pela exploração da mão de obra e a formação de grandes monopólios industriais. Nesse período vemos a ascensão das doutrinas socialistas em franca contraposição ao modelo de desenvolvimento social, econômico e político trazido pelo sistema capitalista. Mesmo movendo diversas revoluções e levantes contra o sistema, o socialismo não conseguiu interromper o processo de desenvolvimento do capital.

No século passado, o capitalismo viveu diversos momentos de crise nos quais percebemos claramente os problemas de sua lógica de crescimento permanente. Apesar disso, vemos que novas formas de rearticulação das políticas econômicas e o afamado progresso tecnológico conseguiram dar suporte para que o capitalismo alcançasse novas fronteiras. Com isso, muitos chegam a acreditar que seria impossível imaginar um outro mundo fora do capitalismo.

No entanto, seria mesmo plausível afirmar que o capitalismo nunca teria um fim? Para uma afirmativa tão segura e linear como essa, podemos somente lançar mão do tempo e de suas transformações para que novas perspectivas possam oferecer uma nova forma de desenvolvimento. Sendo imortal ou mortal, o capitalismo ainda se faz presente em nossas vidas sob formas que se reconfiguram com uma velocidade cada vez mais surpreendente.

http://www.brasilescola.com/historiag/origem-capitalismo.htmhttps://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQSA1KwnkLzv-A5A7ACXIbnE5uDMKviHZptBi_pSEIe4dA2pZYGAg